domingo, 13 de novembro de 2011

"Olhos de Urna": ensaio fotográfico ajuda a quebrar visão hegemônica das eleições de 2010

Primeiro colocado na Intercom Sudeste e segundo na etapa nacional, Luciano Martins Ratamero, aluno de Jornalismo da UFF, relembra as etapas de produção de um trabalho de fotografia documental

Por Gabriel Fricke

Luciano Ratamero
“Para a fotografia documental, é necessário se envolver com o tema”. Esse é o conselho do aluno do 7º período de Jornalismo da Universidade Federal Fluminense (UFF), Luciano Martins Ratamero. Com um ensaio fotográfico documental sobre as eleições de 2010 intitulado “Olhos de Urna”, produzido com um grupo de colegas da UFF, sob supervisão do professor Rômulo Correa, ele ficou em primeiro lugar na Intercom Sudeste e em segundo na etapa nacional na categoria Ensaios Fotográficos

Os alunos da disciplina Fotojornalismo II, do professor Rômulo Correa, decidiram escolher um tema e alguns parâmetros para a produção do trabalho. Cada um faria seu ensaio utilizando a técnica que melhor combinasse com seu estilo, mas, para manter uniformidade, as edições foram feitas coletivamente e as reuniões semanais serviram como espaço para discussão de ideias.

Ratamero optou pela fotografia documental por se tratar de narrativas fotográficas, não apenas de fotos impactantes, o que torna, segundo ele, a produção mais interessante. Para o aluno, o diferencial em um trabalho desse tipo está em prestar atenção aos conceitos mais básicos desse tipo de ensaio.

“Para que um trabalho de fotografia documental tenha um diferencial, só é necessário estar atento a algumas das premissas do próprio gênero: utilizar a fotografia para documentar algo de um ponto de vista de uma pessoa em um lugar e tempo, além de narrar de forma coerente uma história”, relata.

O aluno explica ainda a escolha do tema “eleições” e o uso da câmera digital, que tem um custo reduzido em relação às câmeras comuns. Ratamero afirma que o objetivo proposto pelo grupo no início do trabalho foi alcançado: “dar um ponto de vista não-hegemônico ao tema e exercitar os olhos dos estudantes que se envolveram”. Para ele, o trabalho foi “marcante” e mudou seu olhar sobre a questão política.  

“O tema é recorrente. Achamos que poderíamos exercitar uma forma nova de fazer fotografia e abordar algo já batido, mas importante. Utilizamos o suporte digital por sua facilidade e flexibilidade, além de ser praticamente custo zero. Também é uma forma fácil de difundir. Já que não trabalhamos com filmes, podemos fotografar mais e de maneira mais rápida. Acho que conseguimos alcançar nossos objetivos. Tivemos em mente o papel reflexivo que um trabalho desse tipo pode causar no público”, conta.



Prêmio: oportunidade de divulgação

Ratamero afirma que não esperava chegar tão longe em uma premiação. Ele lembra que, assim que a disciplina começou, os alunos não tinham em mente a ideia de produzir algo que pudesse participar em um concurso. A sugestão, segundo o estudante, partiu do professor Rômulo e foi prontamente acolhida por todos.

“Essa oportunidade veio de surpresa. O Rômulo chegou a citar o prêmio durante o curso, mas foi só bem próximo da data-limite que nos concentramos nisso. O professor mandou um e-mail, perguntando se queríamos concorrer, todos concordaram, mas somente eu tive tempo e ânimo para poder me dedicar ao projeto. Chegar tão longe foi uma experiência única. É importante ressaltar que temos pouquíssimo incentivo, tanto de professores quanto da universidade, para publicarmos nossos trabalhos. Temos qualidade. Só precisamos mostrar ao mundo que temos. Digo isso para todos os que encontro, para que se animem a participar de eventos como esse. Só temos a ganhar”, comenta.

O estudante do 7º período também aborda a experiência de participar da Intercom. De acordo com Ratamero, o evento possibilita o contato com outros alunos que apresentaram uma gama nova de ideias. Ele comenta outros trabalhos apresentados no congresso: 

“Conheci outras pessoas, outros lugares, outros trabalhos e outros pontos de vista. Fiz amigos, tive ideias para pesquisas e trabalhos, e isso é importante para alunos como eu. Os outros trabalhos, em geral, estavam com um nível bem legal, mas o que achei mais impressionante foi o quanto nós, da UFF, podemos compartilhar ideias e conceitos com os outros. Estamos tão presos no cotidiano da faculdade que não notamos o quanto nossos trabalhos são bons e o quanto eles podem dialogar com trabalhos de outros pontos do país”, analisa.

Luciano dá um conselho aos estudantes que pensam em se inscrever em concursos e congressos. Para ele, é preciso ficar atento aos prazos de entrega, além de trocar ideias com os professores. 

”Para um trabalho ser inscrito, basta estar atento aos prazos, produzir um paper (artigo acadêmico) pequeno, com os padrões da Intercom disponíveis no site, e formatar o trabalho para uma das categorias. E aí dialogar com os professores e pedir ajuda para que tudo saia da melhor maneira possível. Por fim, é necessária a seriedade dos alunos que irão concorrer. Claro que podemos conhecer os locais-sede, beber com os novos amigos e se divertir, mas há tanto o que aproveitar nesses eventos que ir somente para apresentar o trabalho é besteira" – conclui.

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