Por Tereza Baptista
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(Foto: Rodrigo Almeida) |
“A ideia surgiu como um estalo. Pensei: eles acompanham todas as pautas, correm riscos e colaboram para a reportagem – muitas vezes são o ‘terceiro olho’ do repórter. E por que nunca são lembrados?”, indaga a professora.
Sylvia explica que a pesquisa foi dividida em duas partes. A primeira é fundamentalmente teórica: busca analisar os desdobramentos das funções que são atribuídas aos motoristas e como elas são aplicadas na prática. Já a outra é basicamente composta por relatos marcantes desses profissionais, tanto os que já se aposentaram e têm muita experiência como os que estão na ativa e convivem com as mudanças provocadas pelo impacto da internet na apuração da reportagem e a consequente terceirização que a categoria vem sofrendo.
Desenvolvida em apenas seis meses, sob a orientação do colunista da Folha de SP, Hélio Schwartsman, a pesquisa foi tão bem-sucedida que deve virar livro, em breve publicado pela Editora Publifolha. Mas Sylvia conta que encontrou algumas dificuldades ao reunir informações para o projeto. “Como metade dele é composta por relatos pessoais, tive que entrevistar muitas pessoas. No total, foram em torno de 30 – e isso que muitos se recusaram a falar, o que complica o processo, que também é prejudicado pelo curto tempo disponível para realizá-lo”.
Se a banca avaliadora destaca a autenticidade do trabalho feito por Sylvia, o mesmo não ocorreu entre alguns colegas, inicialmente. “Muitos me desencorajaram, falavam que era bobagem e até se espantavam quando eu revelava qual seria o assunto do projeto”. Por outro lado, os entrevistados acharam a ideia genial. “Durante os relatos, os motoristas reclamavam muito do quanto eram esquecidos, deixados de lado. Eles ficaram entusiasmados com a pesquisa. A resposta foi muito boa”, afirma.
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Sylvia mediando o Controversas ao lado dos convidados Liriane Rodrigues e Nilson Proviette (Foto: Thiago da Matta) |
Ela conta ainda que o trabalho “Histórias de Motoristas” foi feito especialmente para o concurso, já com o intuito de dar origem a uma publicação. Porém, vencê-lo não parecia um plano tangível até então.
A jornalista e professora Sylvia Moretzsohn, 52 anos, atuou em redações de jornais, como O Estado de SP, O Globo e Jornal do Brasil. Atual diretora de Jornalismo da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), ela eventualmente colabora com textos para edições do jornal online Observatório da Imprensa.
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