sábado, 19 de novembro de 2011

As empresas nas mídias sociais

Ana Caroline Chaves analisa como o mundo corporativo está se ajustando às novas ferramentas de comunicação

Por Adriano Araújo

Arquivo Pessoal
As redes sociais não são mais uma novidade para os brasileiros. Segundo pesquisa da MBI Mayer & Bung Informática, realizada em maio de 2011, as redes mais populares no Brasil –Facebook, Linkedin, Twitter e YouTube – registraram no último ano aumento entre 10 e 15% no número de usuários. As empresas têm se aperfeiçoado para produzir conteúdo direcionado para o seu público-alvo. De acordo com os dados de uma pesquisa anterior, feita em 2010, 20% das empresas participavam do Facebook e 15% do YouTube. Hoje, esses números aumentaram de forma significativa, passando respectivamente para 47% e 32%, mostrando forte tendência de investimentos na comunicação através dessas redes.

Em sintonia com as transformações que a comunicação corporativa vem sofrendo nos últimos anos, a estudante de Jornalismo da UFF Ana Caroline Chaves vislumbrou nas novas ferramentas de informação o tema perfeito para o seu Trabalho de Conclusão de Curso. Assim, nasceu em 2009 a monografia “As empresas nas mídias sociais – Um estudo sobre a divulgação de conteúdo corporativo nas novas mídias e a aproximação com o usuário”, um olhar da jornalista sobre o “despertar” das instituições para o uso das redes sociais, apontando os novos rumos da comunicação entre as empresas e os usuários. “Estava muito interessada no crescimento das mídias sociais no meio corporativo. Acreditei que o tema seria bem desenvolvido em uma análise teórica sobre a iniciativa das empresas nessa área”, afirma Ana Caroline.

Uma difícil escolha

No início, como todo estudante nos últimos semestres da universidade, Ana Caroline teve dúvidas sobre o tema a desenvolver em seu TCC. “Sempre temos dúvidas em relação ao TCC. Escolher um tema dentro de um amplo universo de possibilidades é difícil, ainda mais quando ele marcará o fim de seus estudos universitários. Este é um período em que o aluno define suas escolhas profissionais”, afirma.

Porém, mesmo sentindo-se insegura, ela tinha uma certeza: o mais importante era escolher algo com que tivesse afinidade, ou seja, “escrever sobre um assunto com o qual você se relacione de alguma forma, que te estimule saber mais e que tenha interesse em desenvolvê-lo”.

A jornalista conta que a ideia para abordar o uso das redes sociais pelas empresas surgiu por acaso. “Eu decidi meu tema de monografia durante uma palestra que falava sobre o desenvolvimento dos blogueiros na web. Eu tinha um blog na época e me vi representada ali. Fiquei curiosa para desenvolver mais a influência dessas ferramentas no meio corporativo”.

Para desenvolver seu projeto, ela buscou a orientação de uma especialista no assunto: a então professora da UFF Suzana Barbosa, que desenvolve pesquisas na área de internet. Segundo Ana Caroline, para fazer a escolha do orientador, o aluno deve observar o quanto ele está interado sobre o assunto a ser abordado. “O orientador é essencial para desenvolver uma monografia. A professora Suzana me ajudou a esclarecer meus pontos de vista, mostrou o que faltava para completar o projeto e dar coerência ao trabalho. Ela me abriu novos caminhos para abordar e me deu referências para melhor construir um ponto de vista”.

Vida profissional

Não por acaso, desde que se formou como jornalista, Ana Caroline trabalha na assessoria da Rede Globo, justamente em contato com a produção de conteúdo para redes sociais. “No local onde trabalho existe uma equipe voltada para as mídias sociais. Trabalhamos em parceria e acompanho os resultados que essa equipe apresenta. Esses resultados influenciam diretamente na minha linha de trabalho, já que fazemos parte da equipe de comunicação da empresa”, explica.

O trabalho de pesquisa da monografia foi em parte direcionado para estudos de casos de empresas que já desenvolviam conteúdo específico para as redes sociais. A jornalista conta que a experiência que possuía no mercado de trabalho contribuiu nesse processo. “Comecei a estagiar no quarto período na EdUFF e não saí mais do mercado. Passei pela assessoria de imprensa da UFF, pela Editora Brasil Energia e depois comecei a estagiar na equipe de assessoria de imprensa da Rede Globo, onde estou até hoje. Essas experiências no mercado me ensinaram muito sobre postura profissional e os diversos ramos que o jornalismo nos permite seguir”.

Confrontando as teorias dos livros com essa realidade do mercado que já conhecia relativamente bem, Ana Caroline encontrou um ponto de equilíbrio no qual situou a abordagem de seu TCC. “Não acredito em nenhum estudo que fique somente na teoria, mas sim naquele que se aplica de alguma forma, até para que o universitário se forme com maior embasamento para decidir qual é o caminho profissional que se quer seguir. Essa vivência dentro das empresas também lhe dá oportunidades de conhecer novas pessoas, ir a palestras e saber de novidades do meio, estimulando a curiosidade e abrindo possíveis portas para projetos inovadores”, diz.

Como sabia exatamente o que encontraria na prática profissional, ela foi aos lugares certos e contatou as pessoas mais qualificadas para enriquecer seu trabalho teórico e empírico. “Entrevistei chefes de setor, procurei saber mais sobre decisões estratégicas das empresas e acompanhei de perto seus desenvolvimentos. Também fui a congressos e vi palestras sobre o assunto, que me ajudaram a comparar casos e desenvolver opiniões. Li livros e usei minha experiência nas mídias pra desenvolver uma linha de raciocínio”, revela.

A abordagem empírica em seu trabalho consistiu na análise do comportamento de várias empresas, que criaram cases exclusivamente para as redes sociais, como a parceria entre a Editora Abril e o blog M de Mulher e o gerenciamento de uma crise no programa da Rede Globo “Altas Horas”. Ana Caroline partiu das origens da comunicação corporativa na internet, quando as empresas começavam a levar sua marca e seus produtos para o meio virtual ainda de forma bastante modesta, até chegar ao que havia de mais atual da internet na época, a Web 2.0, que potencializa o poder do usuário, transformando-o de mero receptor para co-produtor de conteúdo.

Ao analisar a comunicação das empresas através das redes sociais nos dias de hoje, a autora vê mudanças muito claras. “Desde 2009, o Twitter mudou o perfil do usuário, assim como o crescimento do Facebook e de outras redes sociais. As empresas, hoje, têm maior mobilidade na internet e maior conhecimento sobre seu perfil ali divulgado. Os meios estão mais claros, com profissionais especializados nessa área, e a preocupação das empresas em entender a melhor forma de aproximação com o usuário, onde alcançá-lo e fidelizá-lo”, explica.

O futuro da comunicação empresarial

Hoje, a comunicação empresarial na internet obedece a outro paradigma. A realidade agora é a Web 3.0, a chamada “web semântica”, em que as empresas mapeiam os gostos e interesses do usuário, produzindo uma comunicação mais assertiva. Nesse novo cenário em que o poder do usuário aumentou e as empresas conseguiram se adaptar, Ana Caroline vê principalmente a capacidade que as redes sociais têm de provocar reações quase instantâneas dos usuários. “Acredito que o perfil do usuário ficou mais exposto com o desenvolvimento das redes sociais para fazer críticas e comentários positivos ou promover ações em favor ou contra uma empresa. Com a passagem da web 2.0  para a web 3.0, as empresas se preocupam mais em acompanhar as novidades apresentadas e já têm um domínio maior sobre os meios que a internet lhes apresenta para estudar como ali está sendo definida sua credibilidade e ações para reverter ou intensificar um resultado. Ao mesmo tempo, o usuário também se desenvolveu e sabe do poder de sua opinião propagada nas redes”.

Curiosamente, apesar da complexidade (devido à atualidade) do tema desenvolvido, a autora não teve imprevistos na produção do TCC. “Consegui desenvolver o projeto dentro do previsto e sem maiores problemas. Mas para aqueles que sofrem com isso, indico ter calma e buscar outras opiniões, que não só a sua e a do orientador, mas de pessoas que entendam sobre o assunto e possam contribuir com novas abordagens”. Mas isso não significa que ela não tenha sofrido a pressão do tempo e o peso da responsabilidade. “A cada dia que passa, a tensão aumenta, pois a comparação é inevitável. Enquanto os amigos escrevem 10, 15 páginas, você ainda está com dois parágrafos. O mais importante é entender que cada um tem seu tempo e sua forma de desenvolvimento”.

Ana Caroline defende que o graduando encontre uma fórmula pessoal para executar o trabalho de modo que a escrita flua e as ideias se concretizem. “Depois que você encontra o seu método de pesquisa, tudo corre bem. Quer dizer, tudo corre bem com muita disciplina. Se tivesse que passar por tudo isso outra vez, não mudaria nada. Tenho certeza que desenvolvi o melhor que pude dentro da minha realidade de trabalho e estudo”.

O fato de se tratar de um tema muito atual, cuja tendência é se desenvolver cada vez mais, faz Ana Caroline sonhar com o passo seguinte para a evolução do seu estudo sobre a utilização das redes sociais. “O tema me atraiu muito e até hoje busco ler e me atualizar. Meu objetivo agora é dar continuidade ao tema e não parar de estudar mais as mídias sociais”, conclui, com convicção. 

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