segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Estudo aborda participação de ouvinte na programação da CBN

Elson de Souza e Silva Junior

O rádio é um velho companheiro na vida dos brasileiros, seja no trânsito, em casa ou no trabalho. No entanto, o tradicional veículo do início do século XX passou a conviver com um novo tipo de público, mais interessado e participativo no dial ou na Internet. Essa mudança foi tema da pesquisa de Marcos Abreu Oliveira em sua monografia de Jornalismo defendida no segundo semestre de 2012.


Com o título “A interação do ouvinte-internauta na rádio CBN”, o trabalho orientado pela professora Larissa Moraes busca identificar os pontos positivos e negativos da participação do público na rádio e como essa interação ocorre na prática. Para isso, foram consultados artigos e pesquisas sobre jornalismo colaborativo e a história do meio de comunicação, além de entrevistas com profissionais da CBN.

Embora não seja um fenômeno novo, a participação do público no radiojornalismo se intensificou nos últimos anos e, segundo Abreu, há poucos estudos especificamente voltados para esse veículo no meio acadêmico. A escolha da CBN deve-se ao fato de a empresa ser uma das principais emissoras do país e a pioneira no segmento All News no Brasil, com o slogan “A rádio que toca notícias”.

Abreu, que já estagiou na rádio Sulamérica Paradiso, conta que esse meio de comunicação se tornou um veículo multimídia, com a programação construída também pelo público. “Vejo essas mudanças como um fenômeno positivo porque a mídia tradicional não pode estar em todos os lugares a todo tempo. Então, é válido que os ouvintes também possam narrar acontecimentos.”

Essa forte interação entre rádio e público pode ser observada, por exemplo, nas recentes ondas de protestos que atingiram o país a partir da segunda semana de junho. Desde que a mobilização eclodiu, muitos usuários de redes sociais enviaram fotos, vídeos e gravações das passeatas aos veículos de comunicação. Alguns desses relatos contrastaram com discursos inicialmente transmitidos, especialmente sobre a repressão policial aos manifestantes.

“Com as forças das redes sociais é impossível dar as costas ao que está sendo dito pelo público. Vejo, no Twitter e Facebook, relatos do que está acontecendo e as empresas de comunicação tendem a ceder”, afirma. Ele destaca ainda o pedido de desculpas do comentarista Arnaldo Jabor na rádio CBN, que, após muitas críticas, voltou atrás em seu questionamento sobre a validade das manifestações.

Apesar da visão otimista a respeito dessa interação, Marcos Abreu mostra, em seu trabalho, a importância da verificação das informações enviadas pelos ouvintes e também como isso ocorre na prática. Ao receber um conteúdo, o jornalista deve checar a autenticidade das informações para não reproduzir mentiras ou atender a interesses individuais. Já no site da CBN, é preciso ter um cadastro para comentar notícias ou debater as opiniões dos colunistas.

O jornalismo cidadão e a crescente participação do público nas redações ainda são temas que geram muitas discussões. Abreu acredita que esse processo se intensificará ainda mais, porém sem pôr em risco as empresas de radiodifusão. “A grande mídia tem interesse nessa colaboração dos ouvintes. Ainda não está claro, porém, se isso é apenas uma ‘moda’ para se adequar às emissoras concorrentes. No entanto, é uma realidade crescente”, concluiu.

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