quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Skate na cabeça e no trabalho



Aluno da UFF fica em primeiro lugar no Expocom 2010 e o que era para ser apernas um projeto final de faculdade se tornou oportunidade de trabalho



Por Manoela Mayrink e Marcos Oliveira
Revista 'Pense Skate'.  Foto: Thaiana Gomes
Final de período, monografia e um dilema comum a qualquer estudante: o que fazer no projeto de conclusão de curso? Rennê Nunes Pereira, recém-formado em Jornalismo na UFF, começou a pensar no assunto ainda no começo da faculdade. A ideia de criar uma revista sobre a cultura skate surgiu quando Rennê ajudou uma colega de turma a fazer um trabalho de Antropologia Cultural. A revista Pense Skate se tornou realidade, chegando a ser vendida em outros estados e virou até objeto de estudo para o projeto final de curso do aluno. 

Sob a orientação do professor Alexandre Farbiarz, Rennê apresentou a monografia “Revista Pense Skate: Reforma Gráfica-Editorial” e foi incentivado por Farbiarz a inscrever o trabalho na Exposição de Pesquisa Experimental em Comunicação (Expocom) 2010. Depois de passar pela etapa regional em Vitória, na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), o estudante ficou em primeiro lugar na modalidade Revista Impressa (Avulsa) da etapa nacional, que aconteceu na Universidade de Caxias do Sul (UCS) naquele ano. 

A revista impressa teve seis edições entre 2004 e 2006, com periodicidade trimestral. Segundo Rennê, a publicação chegou a ser distribuída em bancas de todo o Brasil e se mantinha com anunciantes. A Pense Skate deixou de circular em 2007, mas continua sendo veiculada na internet, através do link penseskate.net. A produção do site envolve diretamente 10 pessoas. Dezenas de parceiros ajudam indiretamente a gerar conteúdo para o portal e divulgar os eventos.

Na entrevista a seguir, o idealizador do Pense Skate conta um pouco mais sobre a trajetória da revista, a conquista de um dos principais concursos na área da pesquisa em Comunicação do país, o futuro da publicação e o bem-sucedido projeto do site.

Rennê Nunes Pereira. Foto: Thaiana Gomes
Comuffaz: De onde surgiu a ideia de fazer uma revista de skate? 
Rennê Nunes Pereira: Eu, Rossana Fraga e Paulo Aguiar estávamos começando a estudar Comunicação, e a Rossana precisava fazer um trabalho sobre Antropologia Cultural. Como eu e Paulo éramos skatistas e amigos da Rossana, ela pediu para que a gente apresentasse a cultura skate. Na época, por conta do estudo e do trabalho, estava um pouco afastado do skate, o que ajudou a me reaproximar desse esporte de uma forma muito natural. Revi vários amigos e, nesse contato com os skatistas, acabamos percebendo a necessidade de construir um meio de comunicação no qual eles tivessem visibilidade, que registrasse o skate do Rio de Janeiro de verdade.  Rossana apresentou o trabalho, tirou uma excelente nota e começamos a nos reunir e pensar sobre como criar uma revista. 

Comuffaz: Por que decidiu inscrever a publicação na Expocom?
Rennê Nunes Pereira: Tinha acabado de defender meu projeto final, que era o novo planejamento editorial gráfico da revista impressa. Meu orientador, Alexandre Farbiarz, falou sobre o concurso e colocou uma pilha para que eu me inscrevesse. Aceitei o desafio e me inscrevi.

Comuffaz: Qual a sua sensação ao ver um projeto de sua autoria vencedor de um concurso nacional?
Rennê Nunes Pereira: Esse prêmio foi muito importante pra mim. Foi o reconhecimento de um trabalho que hoje já tem sete anos. Fui despretensioso para a Ufes,  pensando simplesmente em expor meu estudo e fiquei muito feliz com o resultado. A experiência de ter ido representar a UFF e a Região Sudeste na final na UCS é algo que vou guardar com respeito.

Comuffaz: Agora a revista não existe mais, apenas o site, certo? Você continua na produção? Quem mais trabalha com você neste site?
Rennê Nunes Pereira: Sim, mas na verdade não somos somente portal. Hoje somos Redes Sociais. Somos eventos. A Pense Skate se transformou num núcleo de comunicação e eventos do Rio de Janeiro, que visa divulgar e promover o skate como esporte e cultura.  Hoje temos uma equipe de colaboradores diretos e indiretos que nos ajuda a desenvolver esse trabalho.

Comuffaz: Como foi esta mudança para a web e quais os motivos para o fim da publicação impressa?
Rennê Nunes Pereira: Após analisarmos os resultados da revista impressa, do mercado local do Rio de Janeiro e da necessidade de comunicação desse mercado, a gente decidiu convergir para web para ampliar nosso alcance, diminuir custos e desfrutar da ampla gama de novas possibilidades que a web não para de oferecer.  Dessa forma, passamos a nos comunicar com o público 24 horas por dia, sete dias da semana e 365 dias no ano.  É claro que a web não é tudo e a revista impressa nunca saiu da nossa cabeça, pelo menos da minha (risos).

Comuffaz: Qual era público médio da revista? E como isso acontece atualmente na web?
Rennê Nunes Pereira: Nossa maior tiragem com a revista impressa foi de sete mil revistas, que saía de três em três meses.  Hoje superamos a marca de 50 mil acessos no mesmo período, oriundos de todo o Brasil e diversos países, como Espanha, Estados Unidos e Argentina.

Comuffaz: Você tem outro emprego ou trabalha somente no site?
Rennê Nunes Pereira: Sou workholic (viciado em trabalho). Sou muito eclético e versátil na vida pessoal e profissional para ficar somente no skate.  Amo trabalhar e acabo me metendo nas mais variadas atividades. Hoje, além de diretor-executivo na Pense Skate, sou planner (profissional em contato com diversas áreas da agência) na Up Line, que é uma agência de Marketing Promocional. No Studio Faya, também atendo a Taco na finalização das fotografias de produtos para e-commerce e também atuo em diversas outras atividades envolvidas com  skate, mas sem fins lucrativos, onde dedico parte do meu curto tempo livre.

Comuffaz: Quais são os projetos para o futuro da publicação?
Rennê Nunes Pereira: Recentemente fechamos uma parceria com uma editora gráfica de Niterói. O plano agora é colocar o projeto impresso desenvolvido na minha monografia nas ruas, nos eventos e nas pistas de skate da cidade.  Vamos, devagar, avançando.  O processo é lento, o caminho é longo, mas a paisagem é bonita.


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